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Daniel's avatar

Tangencialmente relevante pra essa deliciosa discussão, tem o detalhe bacana de que Exit Music for a Film meio que é um plágio do Prelude, Op. 28, No. 4 do Chopin. Muita gente já tinha descrito esse prelúdio como sufocante, etc (o artigo da wikipedia a respeito do prelúdio é bem interessante), então boa parte do poder está na harmonia, e não apenas na letra. Mas, o mais interessante é que o que você identificou aí como terceiro ato é 100% radiohead, não tem equivalente no prelúdio original, que pára no que você chamou de segundo ato, "morre" devagar e sem resistência.

Esse coda de resistência e revolta do Radiohead (o terceiro ato) acaba então sendo uma reconfiguração não só do Hamlet, mas do Chopin.

Em outra digressão tangencial, me lembrou o fim do filme "O Processo", do Orson Welles. No livro o personagem K. é executado no final sem oferecer qualquer resistência. Na filme, porém, K. resiste e desafia os executores, ainda que em vão. Quando perguntaram pra Welles o porque da mudança, ele disse algo como "depois do Holocausto, eu não consigo tolerar a ideia de K., que obviamente é judeu, morrer sem resistir". Chilling stuff.

Por fim, por fim, tem uma outra música que plagia o mesmo prelúdio: Insensatez, do Tom Jobim. Absolutamente irrelevante pra discussão, mas já que você claramente é obcecada por essa pequena jóia do Radiohead, vale ouvir um mashup: https://www.youtube.com/watch?v=screB680HqY

Obrigado pelo ensaio. Me levou pra longe, me fez esquecer meu trabalho corporativo por um instantinho.

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Bruna Klöppel's avatar

adorei. música boa sempre tem disso de estar ali sempre cheia de sentidos aguardado para serem descobertos. idioteque, do radiohead, tem algo muito forte de traduzir pra mim, desde adolescente, um sentimento que só consigo elaborar agora (e ainda pior que eles), muitos anos depois.

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